terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sorvete de chocolate com menta


 Gente eu vi esse texto em um blog o quintal de casa que eu amo , e fui obrigada a salvar no meu computador ,mais resolvi mostrar para vocês ,olha que legal.




               Lá estava eu, sentada no meio de uma sorveteria, enrolando para terminar aquelas duas bolas de chocolate com menta. Chocolate com menta é, de longe, meu sabor predileto. Ele é meio intrigante, sabe? Não consegue ser totalmente doce, provoca uma sensação de geladinho mesmo depois de ter derretido. Eu gosto dessas coisas meio indefinidas, que fazem a gente sorrir só porque fazem a gente sorrir. É, eu sorrio por causa de sorvete. Se consigo chorar por coisas bobas, qual o motivo de não sorrir por elas também? 
            Olhei para o lado e vi uma menininha, de uns seis anos, vidrada na minha taça quase intocada. Ela se aproximou, tirou a colher da minha mão sem o menor pudor, mergulhou naquele creme verde e fechou os olhos enquanto colocava rapidamente na boca.  

-     -  Eu não sabia que meleca era tão bom assim.
-      - Meleca?! Não, não, isso não é meleca! É sorvete!
-       -Mas... – ela analisava a taça, olhava para a colher, olhava para mim sem entender nada. Ela se sentou no banco que estava na minha frente e se debruçou sobre a mesa, ainda tentando entender aquele mistério todo – É verde. É impossível não ser meleca.
-       -Na verdade é menta. Sabe aquelas balinhas verdes e duras que vendem na escola e que os adultos adoram? Então.
-       -Ah, é mesmo! Dá para fazer sorvete de bala, tinha esquecido. – ela parecia entusiasmada.
-       -Agora você me pegou. Não sei se dá para fazer sorvete de bala...
-       -Então como se faz sorvete de tutti fruti? Só dá para fazer sorvete de tutti frutti com bala de tutti frutti.
-       -Nunca tinha pensado nisso – é, realmente fazia sentido, também me debrucei sobre a mesa e me permiti pensar sobre tudo, só por um momento - , como será que eles fazem sorvete de algodão doce?
-       -Ah, esse é fácil! – ela começou a desenhar no ar, parecia estar diante de uma lousa prestes a me explicar a origem do universo – Eles juntam um monte de algodão doce, que não é feito do mesmo algodão que a gente usa quando se machuca, esse vem de ovelhas diferentes, amassam bem amassadinho e colocam no congelador. Pronto!
-       -Nossa! É isso! Agora tudo faz muito mais sentido.
-       -É, é assim mesmo. Também é assim que eles fazem sorvete de chocolate. Eles pegam o leite na vaca especial, já que tem a vaca que faz o leite de morango, ela é rosa, a que faz o leite sem gosto, que é aquela branquinha e a que faz o de chocolate, que é mais marrom, e colocam no congelador. Eu acho que se eu conseguir um congelador eu consigo fazer sorvete de tudo!
-       -E qual seria o primeiro sorvete que você iria fazer? – estava sorrindo inexplicavelmente, talvez inocência fosse uma daquelas coisas capazes de gerar sorrisos inexplicáveis.
-       -Ah... Acho que de brócolis.
-       -Brócolis?!
-       -É! Pensa comigo, tudo é bom com sorvete, ele faz tudo ficar gostoso. Se eu fizesse sorvete de brócolis ele ficaria bom, aí minha mãe nunca mais ia brigar comigo por não querer comer verdura.
-       -Inteligente você, hein?
-       -Será que se eu fizer sorvete de amor, ele fica bom também?
-       -Como assim fazer sorvete de amor?
-       -É, se sorvete faz tudo ficar bom, deve fazer amor ficar bom.  E amor é tipo brócolis, é bom para algumas pessoas e para as outras não. Não é?
-       -Mas amor é  sempre bom, não é?
-       -Não acho. Por causa dele meu pai saiu de casa. Disse que o amor da minha mãe fazia ele sofrer. Sofrer é tipo doer, né?
-       -Tipo... – estava sem reação, perplexa e com vontade de chorar.
-       -Amor não era bom para os meus pais. Eu sei que ele é legal para muita gente, mas por causa dele meus pais  brigavam e gritavam um com o outro. Agora minha mãe vive chorando pela casa, dizendo que não quer amar nunca mais – ela abaixou a cabeça, olhou para os seus pezinhos balançando no ar e voltou a me encarar - . Quando a gente nunca mais quer ver uma coisa, deve ser porque ela não fez bem para gente, né?
-       -É – ainda estava sem reação.
-       -Mas, se eu conseguir fazer sorvete de amor, então ele vai ficar bom. Aí os meus pais voltam a gostar dele e voltam a ficar juntos!
-       -Mas, mas como você vai conseguir juntar amor?
-       -Essa é fácil! É só eu sair tirando fotos.
-       -Como assim “só eu sair tirando fotos”?
-       -É que o amor está espalhado em um monte de lugares, aí que eu preciso achar, tirar uma foto e ir juntando. Depois só colocar no congelador e pronto.
-      - Como você vai conseguir achar o amor? Ele não é algo difícil de se encontrar? – eu realmente queria saber essa resposta.
-       -Não é! Eu vejo ele em todo lugar, mas acho que ninguém presta muita atenção. Tipo, quando minha avó abraço o meu avô, lá tem amor. Quando a minha mãe me dá um beijo de boa noite, tem amor também. E naquela moça que está ali na praça brincando com o cachorro. Tem também quando a gente faz alguma coisa que gosta muito e se sente feliz com isso. Amor está em todo canto, a gente só não presta atenção.

Essa era eu, totalmente anestesiada pelas palavras de uma menina de seis anos.

-       -Agora eu tenho que ir. Preciso achar mais amor para conseguir fazer meu sorvete. Tchau.
-       -Tchau.

Terminei meu sorvete de menta e voltei para casa sorrindo, vendo amor em todo canto da rua.

              

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